Tenho pensado muito sobre o sistema
democrático - e de vida - que temos; não só no Brasil, mas no mundo. Como
estamos como indivíduos? E como vivemos em comunidade?
Em todo o mundo temos 7 bilhões de
habitantes e, dentre esse número, temos uma maioria significativa vivendo de
maneira sub-humana (para o nosso conceito), e uma ínfima parcela vivendo num
mundo de consumismo e esbanjamento. Um panorama que nos mantém reféns desta
anarquia que vemos.
O que é real: a vida simples da forma
como Deus criou (ou) a vida consumista que vivemos? O que é real: um sistema de
administração pública no qual os líderes se isolam como se vivessem em uma ilha
de fantasia (ou) a vida pura e simples do cotidiano de uma pessoa com família e
seu trabalho?
Fica difícil entender o porquê uma
pessoa ao assumir um cargo público passa a viver como se estivesse “na ilha da
fantasia”, esquecendo-se de sua origem e que existe uma realidade que a
circunda.
Estamos em meio a uma controvérsia. Aqueles
com possibilidades de promover transformações na sociedade promovem primeiro a
transformação de suas vidas, esquecendo-se do principal objetivo da função
pública que é administrar, oferecer condições de sobrevivência nas cidades, com
infraestruturas de saúde, educação para todos, acessibilidades e servir.
O que vemos é a formação de outra classe
social que, ao conquistar um cargo eletivo (que alguns preferem dizer que é uma
conquista pessoal - mas não é! - pois exige muitos votos, muitas pessoas se
dedicando aos seus propósitos, muitas pessoas trabalhando e recolhendo seus
impostos para a sua remuneração), se afasta de sua origem e passa a viver sua
vida individual e própria.
Qual o
motivo dessa dita transformação? Quem na realidade se transformou? Os eleitores
que o elegeram ou a índole do eleito?
Nossa sociedade, lamentavelmente, tem
sua parcela de culpa pela qualidade dos políticos, porque os elege e se esquece
deles por não cobrá-los por ações e atitudes direcionadas às questões sociais.
Fico muito triste em relação a isso.
Afinal, elegemos Senadores, Deputados, Prefeitos, Governadores e Presidente, e
não acompanhamos seus mandatos.
Nós – como eleitores - não definimos nossas
próprias regras de voto. Não definimos o objetivo coletivo de voto. Não
definimos a cobrança de voto. Não definimos a atuação deles... deixamos tudo por
conta deles.
O Presidente nomeia seus ministros;
nomeia seus juristas para o fiscalizarem; nomeia seus Deputados para apoiá-lo
em suas ações, e assim por diante. Isso nos deixa fora de tudo que é o “depois
do voto”. Por esta razão afirmo que votamos
no antes e esquecemo-nos de analisar o depois.
Quando atentamos para o que está
acontecendo no Maranhão, onde uma família criou uma oligarquia que está no
poder por mais de 40 anos, vamos verificar que os maranhenses estão vivendo em
um ambiente com revoltas em prisões, falta de médicos, precários serviços públicos.
Enquanto isso se tem notícias que são feitas cotações de preços de frutos do
mar, para não dizer lagosta, camarão e outras iguarias, para a residência da
governadora. Se não fosse denunciado, não seria suspenso.
O atual governo do Maranhão é um exemplo
do “mundo de fantasia” que alguns governantes
insistem em manter. Vivem no seu mundo alienado onde não há fome, não há
pobreza, não há analfabetismo, não há problemas de saúde, não há deficiência de
transporte etc, etc.... Em um mundo onde realmente não há nada disso. Em um
mundo que é mantido por intermédio de uma receita de impostos que foi usurpada
dessa sociedade com todos esses problemas.
Será que esse Governo não sabe disso?
O que dizer dessa
sociedade? Qual sua responsabilidade na criação desse “mundo de fantasias”? Por
que admite que uma família fique no poder por tanto tempo? Chego à conclusão
que a sociedade é culpada por não definir as regras de cobrança de seus votos.
No Brasil, infelizmente, convivemos com uma
casta de políticos alienados que se perpetuaram no poder com seus familiares e
que vivem alienados dos problemas de nossa sociedade. Não sei como vamos mudar
isso, como vamos substituir esses políticos sem entrar em cumplicidades com
eles. A esperança é que reviva um movimento
de transformação que iniba a participação dessas oligarquias; um movimento que
transforme as estruturas do poder para que essas oligarquias não se perpetuem
no poder.
Que igualdade é essa, em uma democracia,
em que as oportunidades são somente para aqueles que já pertencem ao sistema, por
terem suas estruturas montadas e garantidas com dinheiro público nas disputas
eleitorais?
Que oportunidade tem um eleitor simples -
sem apoio financeiro - de se eleger?
Ou mudamos nosso sistema ou continuaremos
vivendo a mesma realidade.
Às vezes imagino que o
Custo Brasil, que os economistas tratam como os impostos e as taxas que
precisamos recolher para nossa própria manutenção, não é isso de fato. Custo Brasil é, sim, a
manutenção de toda essa estrutura da “ilha da fantasia”, sem produtividade
nenhuma e administrada por políticos distantes da realidade de vida vivida por
seus eleitores.
Sem essas oligarquias de poder talvez a
história fosse outra. Temos que acabar com isso. Temos que eliminar a reeleição
para todos os níveis. Temos que exigir mandatos integrais. Temos que definir um
mecanismo que possa limitar ganhos e mordomias de políticos. Temos que ter
consciência da nossa força individual e coletiva em uma eleição, na elaboração
de projetos de iniciativa popular, que a Constituição Brasileira nos permite, a
exemplo do projeto Ficha Limpa.
Enfim, temos a chance de combater a
“ilha da fantasia” através do voto consciente, agora em 2014. É o que espero!