domingo, 12 de janeiro de 2014

Privilégios, mundo de fantasias ...... e a democracia??



Tenho pensado muito sobre o sistema democrático - e de vida - que temos; não só no Brasil, mas no mundo. Como estamos como indivíduos? E como vivemos em comunidade?

Em todo o mundo temos 7 bilhões de habitantes e, dentre esse número, temos uma maioria significativa vivendo de maneira sub-humana (para o nosso conceito), e uma ínfima parcela vivendo num mundo de consumismo e esbanjamento. Um panorama que nos mantém reféns desta anarquia que vemos.

O que é real: a vida simples da forma como Deus criou (ou) a vida consumista que vivemos? O que é real: um sistema de administração pública no qual os líderes se isolam como se vivessem em uma ilha de fantasia (ou) a vida pura e simples do cotidiano de uma pessoa com família e seu trabalho?

Fica difícil entender o porquê uma pessoa ao assumir um cargo público passa a viver como se estivesse “na ilha da fantasia”, esquecendo-se de sua origem e que existe uma realidade que a circunda.

Estamos em meio a uma controvérsia. Aqueles com possibilidades de promover transformações na sociedade promovem primeiro a transformação de suas vidas, esquecendo-se do principal objetivo da função pública que é administrar, oferecer condições de sobrevivência nas cidades, com infraestruturas de saúde, educação para todos, acessibilidades e servir.

O que vemos é a formação de outra classe social que, ao conquistar um cargo eletivo (que alguns preferem dizer que é uma conquista pessoal - mas não é! - pois exige muitos votos, muitas pessoas se dedicando aos seus propósitos, muitas pessoas trabalhando e recolhendo seus impostos para a sua remuneração), se afasta de sua origem e passa a viver sua vida individual e própria.

Qual o motivo dessa dita transformação? Quem na realidade se transformou? Os eleitores que o elegeram ou a índole do eleito?

Nossa sociedade, lamentavelmente, tem sua parcela de culpa pela qualidade dos políticos, porque os elege e se esquece deles por não cobrá-los por ações e atitudes direcionadas às questões sociais.

Fico muito triste em relação a isso. Afinal, elegemos Senadores, Deputados, Prefeitos, Governadores e Presidente, e não acompanhamos seus mandatos.
Nós – como eleitores - não definimos nossas próprias regras de voto. Não definimos o objetivo coletivo de voto. Não definimos a cobrança de voto. Não definimos a atuação deles... deixamos tudo por conta deles.

O Presidente nomeia seus ministros; nomeia seus juristas para o fiscalizarem; nomeia seus Deputados para apoiá-lo em suas ações, e assim por diante. Isso nos deixa fora de tudo que é o “depois do voto”. Por esta razão afirmo que votamos no antes e esquecemo-nos de analisar o depois.

Quando atentamos para o que está acontecendo no Maranhão, onde uma família criou uma oligarquia que está no poder por mais de 40 anos, vamos verificar que os maranhenses estão vivendo em um ambiente com revoltas em prisões, falta de médicos, precários serviços públicos. Enquanto isso se tem notícias que são feitas cotações de preços de frutos do mar, para não dizer lagosta, camarão e outras iguarias, para a residência da governadora. Se não fosse denunciado, não seria suspenso.

O atual governo do Maranhão é um exemplo do “mundo de fantasia” que alguns governantes insistem em manter. Vivem no seu mundo alienado onde não há fome, não há pobreza, não há analfabetismo, não há problemas de saúde, não há deficiência de transporte etc, etc.... Em um mundo onde realmente não há nada disso. Em um mundo que é mantido por intermédio de uma receita de impostos que foi usurpada dessa sociedade com todos esses problemas.  Será que esse Governo não sabe disso?
O que dizer dessa sociedade? Qual sua responsabilidade na criação desse “mundo de fantasias”? Por que admite que uma família fique no poder por tanto tempo? Chego à conclusão que a sociedade é culpada por não definir as regras de cobrança de seus votos.


No Brasil, infelizmente, convivemos com uma casta de políticos alienados que se perpetuaram no poder com seus familiares e que vivem alienados dos problemas de nossa sociedade. Não sei como vamos mudar isso, como vamos substituir esses políticos sem entrar em cumplicidades com eles. A esperança é que reviva um movimento de transformação que iniba a participação dessas oligarquias; um movimento que transforme as estruturas do poder para que essas oligarquias não se perpetuem no poder.

Que igualdade é essa, em uma democracia, em que as oportunidades são somente para aqueles que já pertencem ao sistema, por terem suas estruturas montadas e garantidas com dinheiro público nas disputas eleitorais?
Que oportunidade tem um eleitor simples - sem apoio financeiro - de se eleger?
Ou mudamos nosso sistema ou continuaremos vivendo a mesma realidade.

Às vezes imagino que o Custo Brasil, que os economistas tratam como os impostos e as taxas que precisamos recolher para nossa própria manutenção, não é isso de fato.  Custo Brasil é, sim, a manutenção de toda essa estrutura da “ilha da fantasia”, sem produtividade nenhuma e administrada por políticos distantes da realidade de vida vivida por seus eleitores.

Sem essas oligarquias de poder talvez a história fosse outra. Temos que acabar com isso. Temos que eliminar a reeleição para todos os níveis. Temos que exigir mandatos integrais. Temos que definir um mecanismo que possa limitar ganhos e mordomias de políticos. Temos que ter consciência da nossa força individual e coletiva em uma eleição, na elaboração de projetos de iniciativa popular, que a Constituição Brasileira nos permite, a exemplo do projeto Ficha Limpa.

Enfim, temos a chance de combater a “ilha da fantasia” através do voto consciente, agora em 2014. É o que espero!